Parafraseando um dos maiores nomes da dramaturgia mundial de todos os tempos, Berthold Brecht (1898-1956)*,
chamo a atenção para a condição geral dos eleitores de proclamarem em
alto e bom tom que não gostam de política nem de políticos, sob a
alegação de que todos eles são ou serão corruptos, que só pensam em si e
que só puxam a brasa para a sua sardinha, que somente aparecem de
quatro em quatro anos e que não merecem o nosso apreço.
Pois bem!
Ao assumirmos essa postura estática e acomodada de somente querer se
envolver com política quando da ocorrência de eleições, época em que se
vai conseguir uma cesta básica, um salário a mais, uma bicicleta, um
simples sanduíche ou mesmo a negociação de um incerto cargo público,
estamos mantendo o status atual de nossos governantes e procriando essa
cultura tão combatida em tempos atuais, de que a obra dos políticos e
seu governo nada tem a ver com cada um.
Nada mais enganoso!!
Ao votar em candidatos que lhe oferecem vantagens indevidas, o
eleitor está colocando para gerenciar seu dinheiro uma pessoa que não
terá futuramente qualquer compromisso com a coisa pública e com a
moralidade administrativa. Que pessoa em sã consciência deixaria seu
patrimônio nas mãos de alguem em quem não se confia? Quem entregaria sua
residência para ser guardada pelo meliante conhecido em apoderar-se do
que é alheio?
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Berthold Brecht*
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Berthold Brecht*
Pois é justamente isso que se faz quando se elege candidato
reconhecidamente improbo, desonesto, corrupto! Coloca-se a raposa para
tomar conta do galinheiro, do lado de dentro e com a porta fechada, sem
nenhuma chance para que as indefesas aves possam escapar da ameaça
iminente de serem devoradas.
E não basta ficar do "lado de cá" atirando pedra em quem se elegeu, à
distância, como se não tivesse nada a ver com isso. Na verdade,
miseravelmente, todos são vidraças, já que as pedras são incessantemente
atiradas pelos donos do poder na direção do patrimônio público,
atingindo de morte os recursos que chegam aos cofres do governo pelo
pagamento dos impostos, retirando a possibilidade de uma educação
gratuita e de qualidade, condenando jovens a entrarem no mundo das
drogas e na criminalidade por falta de políticas públicas e de condições
sociais adequadas, ameaçando de morte aqueles que dependem de hospitais
e postos de saúde.
Há uma itensa luta em progresso por todo o país. Nesse momento,
autoridades judiciárias, membros do ministério público, agente
policiais, servidores, empresários, profissionais das mais diversas
áreas, pessoas do povo, travam uma batalha pela moralidade nas eleições
brasileiras. Não basta reformar as leis e modificar o sistema político. É
preciso cada um tomar para si o compromisso de modificar o país, de
destruir as estruturas maciças de corrupção, má administração e
desmandos com a coisa pública.
Certamente toda uma cultura arraigada não será abolida por
modificações pontuais na Lei. É preciso que a sociedade reaja, discuta,
debata, participe. Votando de forma consciente em quem poderá trazer
benefícios à comunidade, participando dos fóruns convencionais de luta,
cobrando dos homens públicos a seriedade, honestidade e compromisso,
fiscalizando os gastos dos governantes e, principalmente, mantendo-se
honesto, coerente, incorruptível.
Como menciona Dante Alighieri**, em sua também consagrada obra "A divina comédia", "no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise".
Márcio Oliveira é Bacharel em Direito e professor de Direito Eleitoral
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