Tancredo cumprimenta multidão em evento político |
MEMÓRIA
Há exatos 30 anos, o Brasil ouvia o anúncio da morte do primeiro
presidente civil eleito pelo Colégio Eleitoral, Tancredo Neves. Em 15 de
janeiro de 1985, o ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves venceu o
candidato Paulo Maluf, do PDS, na disputa pela Presidência da República
na última eleição indireta do Brasil. Tancredo conquistou 480 votos e
Maluf, 180. Houve 26 abstenções.
Para vencer a disputa, O PMDB de
Tancredo Neves, de Ulysses Guimarães e de tantas outras personalidades
que lutaram contra o regime militar teve de se unir à chamada Frente
Liberal, formada por dissidentes do PDS – partido de sustentação do
governo militar. No início de janeiro, o então deputado Ulysses
Guimarães entregou a Tancredo o programa do partido, denominado Nova
República, que previa eleições diretas em todos os níveis, educação
gratuita, congelamento de preços da cesta básica e dos transportes,
entre outros.
Tancredo
firmou com os brasileiros, que foram às ruas lutar pelas eleições
diretas, o compromisso de virar a página da história do Brasil,
colocando fim ao ciclo comandado pelos militares. Tancredo Neves
conquistou os brasileiros de Norte a Sul e deu ao país perspectivas de
uma pátria livre. Com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte,
prometeu banir o chamado “entulho autoritário”.
Com esperança e
ânimos redobrados, os brasileiros esperavam ansiosos a chegada do dia 15
de março de 1985, quando Tancredo Neves assumiria os destinos do Brasil
e os militares voltariam para as casernas.
As esperanças começaram a diminuir com a doença
de Tancredo Neves, internado 12 horas antes da posse em um hospital de
Brasília, onde se submeteu a uma cirurgia. O problema de saúde do
presidente eleito foi comunicado na véspera de sua posse. No dia 15 de
março, no lugar de Tancredo assume interinamente a Presidência da
República o vice-presidente eleito, José Sarney.
Da noite de 14
de março até a noite de 21 de abril, brasileiros de todas as regiões,
raças e credos oraram pela recuperação de Tancredo. As esperanças de
tê-lo no comando do país acabaram na noite de 21 de abril, quando
oficialmente foi anunciada sua morte. A tristeza e desesperança tomam
conta do Brasil. Até o sepultamento, em 24 de abril, Tancredo recebeu
homenagens de multidões de pessoas país afora.
O corpo de Tancredo foi velado no Salão Nobre do Palácio do Planalt
Para
o professor da Universidade de Brasília e cientista político Flávio
Britto, Tancredo era a esperança. Segundo ele, sua morte acabou com o
sonho de milhões de brasileiros que aguardavam as mudanças prometidas em
campanha.
“Tancredo representava a efetiva esperança da
redemocratização. Sua morte foi um momento de muita frustação e dor para
o povo. A simbologia que ele passava era da verdadeira
redemocratização. Todos acreditavam que o país iria entrar novamente nos
trilhos”, destacou. “Além de representar a esperança, Tancredo Neves
tinha a aparência de uma pessoa muito próxima e simpática. Ele estava
sempre sorridente, disposto a se aproximar das crianças. Era uma figura
que passava confiança”, completou.
“A notícia da morte dele foi
muito impactante. Havia uma união de solidariedade pela recuperação do
presidente eleito. Todos torciam pela recuperação dele. Tancredo Neves
foi transformado em uma espécie de herói nacional”, acrescentou Flávio
Britto.
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