O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, planeja para março próximo
oficializar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o pedido de registro do
Partido Liberal (PL), que existiu no passado e teve o nome modificado
para Partido Republicano (PR).
Kassab já é dono do PSD, partido que ele criou quando deixou o
Democratas, que vem se arrastando desde a época de Arena, passando por
PDS e PFL.
A intenção de Kassab é usar a nova agremiação para ajudar a
presidente Dilma Rousseff (PT) a esvaziar partidos que incomodam o
governo, com mira voltada para o trabalhoso PMDB, do vice-presidente da
República Michel Temer, e o PSDB, que decidiu fazer oposição de verdade.
Com a criação de novo partido, os políticos com mandato podem fazer a
travessia sem o risco de ser alcançado pela lei da fidelidade
partidária. Ou seja, o jeitinho brasileiro para driblar a legislação.
A partir daí, o novo partido com livre trânsito na Casa Civil,
ganharia volume para enfrentar os adversários da presidente Dilma e
fortalecer a sua base de sustentação no Congresso Nacional.
Kassab orientou seus aliados para que eles concluam a coleta de
assinaturas até março, uma vez que o partido precisa ser reconhecido e
oficializado pelo TSE até o início de outubro deste ano, para que possa
disputar as eleições municipais de 2016.
Pois bem.
Essa é mais pura – e fétida – prova da bandalheira da política
brasileira. Os interesses de grupos e individuais, quase sempre
distantes dos interesses da nação, se sobrepõem ao mínimo de decência,
numa espécie de vale-tudo que acaba produzindo atos e comportamentos
vergonhosos, como a corrupção que enlameia a vida pública brasileira,
fazendo vítima o patrimônio do País.
Agora, deve ser observado que essa prática de criar partidos, sem
qualquer sustentação ideológica ou ética, ocorre devidamente amparado
pela lei e chancelada pela Justiça.
Para criar um partido basta coletar o número de assinaturas previstas
em lei, elaborar um estatuto que é encontrado em qualquer esquina e
oficializar o pedido ao Tribunal Superior Eleitoral. O passo seguinte,
formar a direção nacional, os diretórios estaduais e municipais.
Fácil, fácil.
Uma vez criado, o partido passa a beliscar uma fatia do fundo
partidário, ter direito a tempo de rádio e televisão e participar
diretamente das disputas eleitorais. Um grande negócio.
Por isso, o sistema político brasileiro contar hoje com mais de três
dezenas de partidos, numa mistura de letras e de gente que pouco, ou
nada, acrescentam ao País.
Infelizmente, a reforma política vai ficar para trás.
Autor: César Santos (Jornal de Fato)
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