CORTEZ, O MAIOR
O livro "Memória viva de" relata detalhes da vida do ex-governador e ex-prefeito de Serra do Mel, José Cortez Pereira de Araújo. No livro, o próprio Cortez fala de sua vida, conforme os tópicos, abaixo:
A INFÂNCIA
- Nasci em uma cidade do interior do RN, Currais Novos. Cidade bonita, limpa, ruas largas, povo alegre - uma cidade de bem com a vida! Carreguei quando criança - e diziam isso lá em casa - uma tristeza, um desconsolo, talvez a ausência da mãe que perdi, criança. A minha lembrança de menino foi "ferrada" mais profundamente por dois fatos: a Revolução de 30 - eu tinha seis anos - com a sua indesejada vitória, por representar a "cassação" do meu pai, deputado perrepista.
O IRMÃO
- Ser como eu era se tornava muito mais, pela diferença do meu outro irmão, Armando. Este estava em todas, participava de tudo e dirigindo, liderando. Armando era inteligente, bonitão, jogava futebol e derrubava gado, falava bonito e namorava muito... papai dizia que ele ia ser governador. Teria sido, talvez, se não morresse com 16 ou 17 anos. Havia uma comparação frequente lá em casa, e a diferença entre mim e ele era tão grande que não tinha despeito contra ele, mas procurava imitá-lo; se ele era mais inteligente, eu procurava ser mais estudioso; se não podia competir com ele junto às moças, também não tentava porque meu desejo era o convento.
O PAI
- A presença do meu pai era forte, tanto pela religiosidade que ele tornava mais forte pela comunhão diária e pelas leituras, quanto pelo caráter e pela própria cultura. Lia muito sobre Religião, Economia e até Filosofia. Ele procurava sempre compreender as suas convicções, procurava caminhar da fé para a razão.
- Ah, não queira saber!... a tristeza, a saudade de casa. Imagine quem já era triste dentro de um convento. Foi angustiante o choque que me causou o silêncio do claustro, as sombras úmidas de árvores seculares, os corredores sem fim, os velhos frades arrastando imaginários pecados...
O FILÓSOFO/CRISTÃO
- O caminhar em direção a São Tomás (de Aquino) é o caminhar para o mundo, para a natureza, para fora de nós, para o universo onde, no seu pensamento, encontraremos sempre Deus.
AS FORMATURAS
- Fiz meus dois cursos superiores em Recife: Direito, na velha tradicional, como era chamada a Faculdade Federal e, Filosofia, na Universidade Católica dirigida por jesuítas. Cursei as duas Faculdades ao mesmo tmepo, terminando Filosofia em 1949 e Direito em 1952.
A POLÍTICA
- A política foi uma contingência da tradição familiar. Papai tinha uma devoção quase religiosa pela política. Foi deputado em 1930, por poucos dias que antecederam a vitória da Revolução. Minha irmã, Maria do Cé, foi a primeira mulher, no Brasil, eleita deputado: é a viúva de Aristófanes Fernandes, que morreu como deputado federal, e mãe de Paulo de Tarso, líder da oposição na Assembleia Legislativa (À época). Houve um tempo em que, da família, éramos quatro ou cinco deputados.
- O que falta não é dinheiro, são idéias. Fala-se em terra seca do Nordeste, mentira. Seca, seca mesmo é a inteligência dos que governam o Nordeste.
A CASSAÇÃO
- Fui, em verdade, durante longos anos, prisioneiro de um silêncio amargurado. A um jornalista que insistia em inerromper-me, eu apenas declarei: "O futuro dirá o que direi no futuro."
Cortez pereira! .......... jamais existiria serra do mel se não fosse ele.
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