sábado, 28 de dezembro de 2013

Dr. Alcimar Antonio de Souza ataca de historiador de futebol...

... ESPECIALIDADE: FLUMINENSE

Recebo do amigo advogado/blogueiro Alcimar Antonio de Souza, e-mail interessantíssimo, onde o mesmo demonstra, com imensa sapiência sobre o futebol, acerca de mais uma "façanha" do Fluminense para se manter na 1ª Divisão do futebol brasileiro.  Leia:

No País da Copa do Mundo


Fluminense é tetracampeão também no rebaixamento e grande vencedor no "tapetão"

Quatro vezes campeão brasileiro de futebol (1970, 1984, 2010 e 2012), o Fluminense Football Club, do Rio de Janeiro, é também tetracampeão em rebaixamentos. Mas se engana quem pensa que ele cumpre todos os descensos. Fugir deles é outra "virtude" do clube das Laranjeiras, bairro carioca que abriga a sua sede.

Grande dentro das quatro linhas - apesar de ser chamado de "Virgem da América", por nunca ter conquistado um título oficial de dimensão sul-americana -, o clube das Laranjeiras já é, sem dúvida, o maior também fora do gramado, ou, precisamente, no chamado "tapetão", nome dado às manobras acontecidas fora de campo para o beneficiamento de um clube.




Em 1996, quando a primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol tinha vinte e quatro equipes, o Fluminense foi rebaixado pela primeira vez para a segunda divisão.

No entanto, sempre com "padrinhos" fortes, o Flu foi mantido na elite do futebol nacional no ano seguinte (1997), pois a Confederação Brasileira de Futebol - CBF resolveu não rebaixar ninguém no campeonato nacional de 1996, o que fez sob o argumento de que havia denúncias de pagamento de propinas para árbitros que atuaram naquela edição do Brasileirão.

Por tal razão, o Campeonato Brasileiro de 1997 teve vinte e seis clubes na primeira divisão, ao invés de vinte e quatro.

No torneio nacional de 1997 o Fluminense voltou a decepcionar a sua torcida e novamente foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

Diante da vergonha de uma nova "virada de mesa", o "time do pó de arroz" foi jogar a segundona, o que de fato aconteceu em 1998.

Mas, o pior estava por vir. Naquele ano (1998), o Fluminense foi novamente rebaixado, agora para a terceira - e na época última - divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Na Série C do Campeonato Brasileiro de 1999 o Fluminense foi campeão, e deveria voltar para a Série B do torneio nacional, ou seja, voltaria naturalmente da terceira (Série C) para a segunda divisão (Série B).

Novamente houve "tapetão" ou "virada de mesa". Para beneficiar o Fluminense, alguns dos principais clubes do País simularam uma briga com a Confederação Brasileira de Futebol - CBF e, com a anuência desta, deram ao Campeonato Brasileiro de 2000 o nome de Copa João Havelange. O brasileiro homenageado é ex-presidente da FIFA e torcedor ilustre do Fluminense.

Então, no ano de 2000, o Fluminense foi "convidado" para jogar novamente na elite do futebol brasileiro, sem ter que disputar a Série B (segunda divisão).

Agora, em 2013, o Fluminense - depois de ter sido campeão em 2012 - foi novamente rebaixado para a segunda divisão do campeonato nacional. Mas, com a ajuda da CBF, o Flu conseguiu se livrar de mais um rebaixamento. No seu lugar, a Justiça Desportiva brasileira mandou à Série B a frágil Portuguesa, que havia ganho dentro de campo o direito de permanecer na elite do futebol nacional.

A Portuguesa, que um dia já foi considerada um dos grandes clubes do futebol paulista e também do Brasil, disse que levará o caso à FIFA e, se necessário, à Justiça Comum.

Até lá, o Fluminense permanece, indevidamente, na elite do futebol brasileiro. "Aladim", o herói árabe que vivia sobre um tapete voador, bem que poderia ser o novo mascote do Fluminense.

Fluminense tem parceiro de marketing ou diretoria paralela?

Quando estava de cabeça baixa entre as Séries C e B do Campeonato Brasileiro, no finalzinho dos anos noventa do século passado, o Fluminense conseguiu uma importante parceria financeira.

A cooperativa de médicos Unimed, do Rio de Janeiro, passou a injetar muito dinheiro no clube das Laranjeiras, em troca de ser o seu principal patrocinador, estampando assim a sua marca na parte frontal da camisa tricolor e nos demais espaços de publicidade do Flu.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGf07JczbbTjWdvkz3s94tNj4HDgS4WQYvowRMgIIfN1E85lv9zm8z8t-anoIV7llS3ryrOOR_paytrHux4kQkS0WIkFBqynW70q_C0Jd_pm2xK0F9dqISiecfz1v9NaayKAlCg8hdzgQ/s320/alcimar.JPG
Dr. Alcimar Antonio de Souza
No entanto, o "Flunimed", como assim alguns adjetivam o Fluminense, não parece ter alcançado grandes resultados com a parceria, afinal, ainda não tem um centro de treinamento para o time profissional, ainda deve cifras gigantescas à Receita e ainda convive com a prática dos salários atrasados para jogadores e demais empregados do clube, sem falar que não tem sequer a perspectiva de ter o seu próprio estádio algum dia.

Além disso, o Fluminense vive constantes crises de decisão. É que, embora a união entre a Unimed e o Flu pareça ser uma parceria de marketing, na prática o que é parece é que a cooperativa de médicos passou a ter também poder de decisão dentro do clube, numa espécie de "diretoria paralela" do Fluminense.

Nesse sentido, observe-se que, quando se trata de contratar ou manter um treinador, por exemplo, é comum que o clube queira um nome mas a Unimed imponha outro. O caso mais recente foi o de Wanderley Luxemburgo, que era o preferido de um mas não o do outro. Até na hora de demitir o estrelado técnico, houve discórdia entre o Flu e o seu patrocinador "master".
Com jogadores é a mesma coisa: na hora de contratar, é muito comum que Fluminense e Unimed discordem quanto a nomes apresentados.

Outro fato curioso é que alguns jogadores do Fluminense - geralmente os mais valorizados no mercado - são pagos diretamente pela Unimed. E, nos momentos de crise por atraso no pagamento de salários, geralmente os que são pagos pelo patrocinador estão com os salários em dia, enquanto que os que são pagos pelo clube estão com salários atrasados. Isso gera enorme desconforto dentro do elenco de jogadores.

E é por essas e outras razões que se questiona os benefícios da parceria entre o Fluminense e a Unimed.

A propósito, as cooperativas Unimed entraram em declínio em boa parte do território nacional, principalmente no Nordeste. No entanto, no Rio de Janeiro, a se ter como referência o elevado valor financeiro que ela repassa ao Fluminense, parece que, por lá, ela (a Unimed) vai muitíssimo bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente