domingo, 16 de junho de 2013

Para refletir...

AS VIRTUDES

Certa vez, há muito tempo, foi realizado uma grande festa num palácio que ficava num local quase inacessível. Não era festa para homens, mas para seres que chamamos de Virtudes.
As Virtudes vieram separadamente, mas logo formaram simpáticos grupos, cheios de alegria por encontrarem-se, mais uma vez reunidas já que normalmente estão dispersos por todo o mundo. 

A Sinceridade reinava sobre a festa. Vestida num transparente manto, como água clara, e segurava na mão um cubo de puro cristal, através do qual as coisas podiam ser vistas como realmente são, distantes e diferentes do que normalmente parecem, pois sua imagem está refletida sem deformidade. 

Próximo a ela, como fiéis guardiães, estavam a Humildade, com seu jeito respeitoso e orgulhoso, e a Coragem, grandiosa, olhar claro, lábios firmes e sorrindo, com calma e ar resoluto. 

Ao lado da Coragem, de mãos dadas, estava uma mulher, completamente coberta por um véu, de quem nada podia ser visto, mas seus olhos curiosos brilhavam através de seus véus. Era a Prudência. 

Circulando entre eles, a Caridade, vigilante e calma, ativa e discreta, deixando por onde passava uma trilha de suave luz branca. A luz que espalha e a acompanha, tem um brilho tão sutil que é invisível para muitos olhos, é seu amigo próximo, companheiro inseparável, sua irmã gêmea, a Justiça. 

E ao redor da Caridade, uma escolta brilhante, a Bondade, a Paciência, a Gentileza e muitos outros. 

Mas então repentinamente, no portal dourado, um recém-chegado aparece. 

Com grande relutância, os guardas dos portões permitiram sua entrada. Nunca antes a tinham visto e não havia nada em sua aparência que impressionasse. 

Era de fato muito jovem e leve, e o vestido branco que usava era muito simples, quase pobre. Deu alguns passos a frente com um ar tímido. Então, aparentemente pouco à vontade, ela parou sem saber que direção seguir. 

Depois de uma breve troca de olhares com seus companheiros, a Prudência vai em direção à estranha. Após limpar a garganta, como fazem as pessoas quando estão embaraçadas, diz: 

- Nós estamos reunidos aqui e todos sabem nossos nomes e méritos, estamos surpresos com sua chegada, pois você parece ser estranha a todos nós, ou pelo menos nos parece jamais ter-lhe visto antes. Você poderia nos contar quem você é? 

Então a recém-chegada respondeu com um suspiro: 

- Não me surpreende o fato de lhes parecer uma estranha neste palácio, pois raramente sou convidada a estar em um lugar como esse. Meu nome é Gratidão.

Fonte: Coluna do jornalista Neto Queiróz
Jornal Gazeta do Oeste, domingo, 16/06/2013

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