sábado, 16 de abril de 2011

Wilma critica Micarla, diz que Vagner e Porpino não tiveram coragem de ficar na oposição, afirma que não quer ser candidata a prefeita, mas avisa: "Não posso dizer que dessa água não beberei"

LIDERANÇA?

Pronta para novos embates, a ex-governadora Wilma de Faria diz nessa entrevista ao Jornal Metropolitano, edição desta sexta-feira(15), que vai fazer uma oposição responsável, vigilante e muito séria. Ela considera ter feito uma boa administração, sendo bem avaliada pela opinião pública durante toda a gestão.

A derrota para o Senado a presidente regional do PSB credita à casadinha formada pelos dois senadores – Garibaldi Filho e José Agripino - puxados pela atual governadora Rosalba Ciarlini.
A ex-governadora afirma que não pretende ser candidata a prefeito de Natal no próximo ano, mas avisa: “Não posso dizer que dessa água não beberei”.
Wilma também critica a administração da prefeita Micarla de Souza: "Acho que não foram cumpridos os compromissos assumidos".
Sobre a ida de Vagner Araújo e Cláudio Porpino, dois dos seus mais próximos correligionários, para o governo de Micarla de Souza, Wilma foi enfática: “É preciso ter muita coragem para continuar na oposição. Quem não tem coragem, então vá. Infelizmente aconteceu isso”.
Confira a entrevista de Wilma ao Jornal Metropolitano:
Repórter (R)- Depois das eleições do ano passado a senhora ficou muito tempo calada, sem responder as críticas à sua administração. Por que esse silêncio?
Wilma de Faria (WF) – Na verdade eu respondi as críticas, mas eu não vou ficar batendo boca. Acho que não é salutar para um regime democrático. Eu entendo muito bem que hoje estou na oposição e a governadora e seus aliados estão no governo. Então, eles têm que cumprir a parte deles, que é cumprir os compromissos que foram assumidos na campanha. Como está ainda no início do governo, eu tenho falado pouco, embora muita coisa errada já tenha acontecido. E muitas mentiras também foram ditas em relação a nossa gestão.
R – A senhora tem consciência que fez uma boa administração?


WF – Eu tenho consciência que fiz uma boa administração, fui bem avaliada durante toda a minha gestão. Eu vejo administradores aí que têm dificuldades, o que se comprova nas pesquisas onde são mal avaliados. Eu fui durante toda administração avaliada entre 65 e mais de 70 por cento de aprovação popular. Então o próprio povo nos aprovou porque fizemos obras importantes na área social. Programas importantes como o desenvolvimento solidário, como o programa das centrais do trabalhador, restaurantes populares, programa do leite que foi ampliado, informatizado, regularizado, feito licitação. Na área de infraestrutura estão aí as estradas, as adutoras, as pontes, as casas populares. Enfim uma série de obras importantes que melhoraram os indicadores sociais e econômicos do Estado. Não se melhora os indicadores sociais se o governo vai mal. O Rio Grande do Norte é hoje o Estado que tem a menor população abaixo da linha de pobreza. Junto com Sergipe tem o melhor IDH. A renda per capita também é excelente acima de quase todos os estados. Nós crescemos, nós avançamos, nós desenvolvemos. Conseguimos colocar o Rio Grande do Norte, através da Capital, na Copa 2014 que é um evento importantíssimo em nível mundial que vai gerar empregos, vai gerar desenvolvimento porque vamos ter mais recursos para obras estruturantes que serão importantes para a população do Rio Grande do Norte.
R – A senhora diz que tem consciência que fez uma boa administração. Sendo assim, como explicar que tenha perdido uma das vagas do Senado, o que ocorreu pela primeira vez, quando um ex-governador do Rio Grande do Norte não conseguiu almejar a vitória, logo após o termino da administração?
WF – São coisas que acontecem na vida pública. Nós fizemos uma aliança que infelizmente não permitiu que nós tivéssemos dois grandes candidatos que pudessem fazer a casadinha. Quem me derrotou foi a casadinha dos dois senadores puxados pela atual governadora que fez uma campanha publicitária levando votos para os senadores. Isso acontece. Isso foi o que pesou mais e nós perdemos, mas isso não é o fim do mundo não. Faz parte da democracia. Você ganha ou perde. O importante é você continuar firme e forte. Tem que ter paciência, tem. Tem que ter humildade, também tem. É preciso firmeza e coragem para enfrentar esse momento de superação.
R – A ex-governadora já está pronta para novos embates?
WF – Eu sempre estou pronta para o embate, desde que seja a favor da população. Desde que seja pelo bem comum. Então eu estou muito tranqüila na minha vida. Sou uma pessoa tranqüila, certo que cumpri o meu dever. Fiz um trabalho excelente como prefeita de Natal. Até hoje sou lembrada como prefeita de Natal. Fiz um trabalho excelente como governadora e você pode anotar aí: vão ter muita saudade de mim. Já começaram a ter saudade, já começaram.
R – Como a senhora recebeu a ida de dois ex-auxiliares seus, de primeira linha, Vagner Araújo e Cláudio Porpino para a equipe da prefeita Micarla de Souza, de quem é adversária?
WF – Eles comunicaram e eu deixei muito claro que o partido não concordava com essa aliança. Esse tipo de comportamento. Então, se nós não subimos em palanque para elegê-la, não estamos ligados ao partido dela. Portanto, forma decisões pessoais dos meus dois ex-auxiliares, que pediram licença do PSB para ocuparem esses cargos. Cada um tem seu comportamento e faz o que acha que deve fazer. É um momento difícil. Para poder ficar na oposição, precisa ter coragem, precisa ter um julgamento de valor, porque afinal de contas se você serviu até agora tem que estar combinando porque essa é a hora difícil. É a hora de os amigos ficarem perto. Infelizmente, as vezes as pessoas se perturbam porque estavam há algum tempo no poder, muitos anos e tem todo aquele número de pessoas que ficam ao seu redor, buscando soluções para os seus problemas. A gente sabe que não existe pleno emprego e tudo é muito difícil. Enfim, é preciso ter muita coragem para continuar na oposição. Quem não tem coragem, então vá. Infelizmente aconteceu isso.
R – Nesse raciocínio, eles não teriam sido bons amigos da senhora, depois que perdeu a eleição?


WF – Olha, eu não quero fazer esse tipo de avaliação não porque eles comentaram comigo antes da saída e eu deixei muito claro que eu não tinha condições de fazer qualquer aliança na direção da Prefeita. Conversar com todos os candidatos eu tenho conversado. Todos tem me procurado, Carlos Eduardo, ela me procurou, Fábio Faria me procurou, Mineiro que é possível candidato pelo PT também me procurou. E acredito que outros virão me procurar porque eu nunca me declarei candidata. Eles querem o meu apoio, o apoio do partido, do nosso grupo político que é, com certeza conhecido e forte em Natal. Que fez um bom trabalho administrativo e portanto é muito respeitado na nossa capital.
R – Quais são os planos para 2012. A ex-governadora tenciona se candidatar a prefeito de Natal?


WF – Eu não sou candidata, mas não posso dizer que dessa água não beberei, principalmente quem é uma pessoa pública que deseja que as coisas sejam feitas e resolvidas e decididas democraticamente. Se o partido precisar de mim, naturalmente estarei à disposição. No entanto, não é o meu desejo. Não quero, não tenho feito nenhum trabalho no sentido de uma campanha política. Não tenho feito isso, não tenho declarado que sou candidata. As pessoas entendem que eu não sou candidata, não é? Agora há, não posso negar isso, onde ando as pessoas me chamam para eu ser uma opção, para ser candidata, para ser prefeita, para voltar. São vários apelos nessa direção, para eu rearrumar a casa, a cidade e repetir o sucesso e o êxito que nós tivemos. Fizemos uma administração exitosa.
R – Qual a sua opinião sobre a administração de Micarla de Souza?

WF – Eu não preciso dar essa opinião porque a opinião do povo é geral. Acho que não foram cumpridos os compromissos assumidos. Acho que houve um pouco de omissão. Quando você é prefeito ou prefeita tem que estar junto da população. É a autoridade mais próxima do povo, junto com o vereador. Mesmo não podendo fazer determinadas obras que porventura tenham sido prometidas, tem que ir perto da população e ser solidário e explicar se vai fazer, como vai fazer. Ou se não vai fazer, explicar porque não vai fazer. Faltou esse trabalho de solidariedade junto à população, dos vários segmentos da cidade. Faltou também a capacidade de conseguir fazer mais investimentos com parcerias público privadas, que hoje são importantes. Nós fizemos isso como Prefeita e como Governadora. Faltou um pouco também de capacidade para encontrar uma saída para fazer crescer a arrecadação, sem fazer nenhum tipo de cobrança, através de impostos escorchantes que pudessem prejudicar a população.
R – A senhora vai mesmo para a SUDENE como vem sendo divulgado pela imprensa?
WF – Olha, esse é um assunto que eu não gostaria de falar porque é uma decisão que não é minha. E não fui eu que buscou essa solução. Portanto é um assunto que só quem pode responder por ele é a Presidenta da República Dilma Roussef ou então o presidente do meu partido. O partido nos indicou.
R – Há especulação, segundo a qual a nomeação da senhora não foi ainda concretizada por causas de denúncias de possíveis irregularidades em sua administração, inclusive com participação de familiares seus. Isso procede?
WF – Não existe isso, porque na verdade existiu por parte da oposição que detém a maior parte dos meios de comunicação um trabalho não só para me derrotar, mas de me destruir. Eles sabem que o meu maior patrimônio è exatamente a minha honra, o meu comportamento ético. Onde eu passei a minha vida está à disposição como de todos os meus. Entendo que denúncias e processos, qualquer pessoa que está hoje no Executivo tem ou terá. Nunca houve uma condenação. Eu estou absolutamente tranqüila em relação à minha pessoa, ao meu trabalho, à minha luta. Eu não posso responder por todas as pessoas. O governo você coordena, comanda, mas não é responsável por todos os atos. Então, estou muito tranquila em relação a isso.
R – Nos quase oito anos de sua administração qual foi a obra que mais lhe deixou satisfeita?
WF – Quando você é administrador e tem espírito público, se realiza quando consegue atingir uma meta. Seja ela na área de infraestrutura para alavancar o desenvolvimento seja na área social para promover o homem, com uma condição de vida melhor. Então, tanto eu fiquei feliz quando lancei o programa de primeiro emprego, as centrais do trabalhador, com ampliação do programa do leite, informatizado com pagamento em dia aos fornecedores, quando eu fiz os restaurantes populares, como também fiquei feliz quando construí as pontes, as estradas e assim por diante.
R – A senhora chamou para si, o comando da oposição no Estado?
WF – Eu tenho assumido e não quero ficar sozinha na oposição. Temos outros companheiros, como os deputados, o ex-governador Iberê Ferreira de Souza, que é nosso companheiro, do nosso partido. O Partido dos Trabalhadores através do deputado Mineiro e da deputada Fátima que já se pronunciaram. Acho importante que a gente possa exercer a oposição para que realmente haja democracia. Não existe democracia sem a crítica até para ajudar. Uma oposição responsável ajuda a administrar. Agora uma oposição que é feita na crítica pela crítica, para você usufruir politicamente disso, é perniciosa e não será essa que vou fazer. Vou fazer uma oposição responsável, vigilante, mas muito séria. 
 
Fonte: Oliveira Wanderley

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