quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A verdade sobre o segundo turno em um artigo

https://fbexternal-a.akamaihd.net/safe_image.php?d=AQD0-I8RBg5waT1j&w=484&h=253&url=http%3A%2F%2Fveja.abril.com.br%2Fv2010%2Fimg%2Fwordpress%2Ffacebook-ogimage-reinaldo-azevedo.jpg&cfs=1&sx=0&sy=1&sw=1200&sh=627
Por Reinaldo Azevedo

Os petistas estão numa euforia espantosa. Nesta quinta-feira, cantam a vitória, dão o resultado das urnas como líquido e certo, já contam, como se diz em Dois Córregos, a minha terra, com o ovo na barriga da galinha — ou na entranha da serpente. Nas redes sociais, as agressões atingem altitudes inéditas. A violência retórica toma o lugar do pensamento; a desqualificação do outro vira o principal argumento.

Numa disputa tão acirrada, a despeito do que digam os institutos de pesquisa, é cedo para comemorar. 

O primeiro turno nos ensinou, já lembrei aqui, que uma eleição só acaba quando termina, com diria Chacrinha.

O que eu lamento — e isto nada tem a ver com as minhas escolhas pessoais — é que há, sim, uma grande chance de essa eleição ser decidida pelo discurso terrorista, pelo medo, pela mentira, pela maledicência, pela má-fé.

Todos os votos são legítimos. Não existe uma consciência ideal que faça escolhas ideais. Mas é preciso repudiar a mentira, venha de onde vier; repudiar a desinformação, pouco importa a sua origem.

O Bolsa Família vai continuar; não depende da vontade do futuro presidente da República. A política de valorização do salário mínimo será mantida, não importa o nome do mandatário nos próximos quatro anos. É mentira que o governo de São Paulo tenha omitido informações sobre a crise hídrica ou que mantenha um racionamento informal.

Pior: busca-se decidir uma eleição desqualificando pessoalmente um adversário. Ignora-se de modo deliberado o que pensa para dar relevo à fofoca, à baixaria, às acusações mais sórdidas.

Governar, acreditem, pode ser mais difícil do que vencer a eleição. Qualquer que seja o presidente da República, começará o mandato em 1º de janeiro sabendo que praticamente a metade dos que compareceram às urnas escolheu outro nome. Mais: dadas as abstenções, brancos e nulos, o próximo titular da Presidência lá terá chegado com o voto da minoria, não da maioria. Assumirá legitimamente o posto, mas isso não muda o fato de que a maioria fez escolhas diversas.

A violência retórica que tomou conta da campanha, com sua indústria de mentiras, desqualificações e difamações, tornará muito difícil o trabalho do mandatário. Infelizmente, há forças políticas no Brasil — e é claro que me refiro especialmente ao PT — que ainda não aprenderam que é a existência de uma oposição ativa que justifica e legitima um governo.

Não tem jeito: os petistas acreditam que só um resultado é legítimo nas urnas: o que lhes dá a vitória. Os companheiros aceitam o pressuposto democrático, desde que vençam. Essa concepção de política já chegou ao colapso. Caso se sagre vitoriosa ainda desta vez, será por muito pouco. E será em razão do terror. Caso o PT realmente vença, terá quatro anos turbulentos pela frente. Se é que vai conseguir, nessa hipótese, chegar ao fim do mandato.

Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente