domingo, 28 de outubro de 2012

Fatos para a história: Luiz Gonzaga, Cortez Pereira e o sonho da Serra do Mel


Luiz Gonzaga
PRESENTE DE DOMINGO

DO BLOG DO CARLOS SANTOS
Por Nilson Gurgel

Falar sobre Luiz Gonzaga é um prazer tão grande quanto é ouvi-lo. Orgulho-me de ter tido um momento com ele, foi no final do ano de 1974.

Na época eu era Diretor Técnico e Executivo da Cimparn e estávamos concluindo a implantação física do projeto das vilas rurais da Serra do Mel, quando o governador Cortez Pereira me chamou e disse:

- “Cabeludo” (como carinhosamente me chamava), meu mandato foi reduzido em um ano e quero encerrá-lo com uma grande festa de inauguração do Projeto lá na Serra do Mel. Prepare tudo, você tem 15 dias!

Aí lhe respondi: “Sem problema, doutor Cortez.”

Tratei de arrumar tudo e na véspera da dita, fui ao Palácio Potengí para fazer uma checagem das coisas com ele. Ao final, o governador olhou para mim e disse:

- Só está faltando uma coisa, mas um amigo vai mandá-lo para nós. É o Luiz Gonzaga que está fazendo um show no Recife hoje à noite e amanhã o Zé Lins ( José Lins de Albuquerque, superintendente da Sudene na época) traz ele para nós no Asa Branca (nome do avião da Sudene).

E completou: “Já está tudo acertado, volte para Serra e me espere amanhã cedo.”

No dia seguinte chega doutor Cortez e logo em seguida Luiz e Zé Lins.

Cortez Pereira
Caro amigo Carlos Santos, foi um dia inteiro na companhia do rei. Tanto ele cantava, como tocava, como contava piadas e conversava. Era só alegria e terminei indo deixá-lo no Recife no avião do estado, pois o Zé Lins, em razão de compromissos, teve que ir antes.

Luiz atendeu a todos tocando, cantando e autografando. Para se ter uma idéia da dimensão do evento, só famílias já assentadas havia no projeto 518 com cerca de 6,2 pessoas em média para cada uma e todas estavam presentes.

Faltaram guardanapos e pratos de papelão. Todos viraram autógrafos. O autógrafo que pedi, único de minha vida por anos, se juntou anos mais tarde ao de Tânia Alves (cantora e atriz) que quando me deu o dela e soube que ia fazer companhia ao de Luiz Gonzaga, saiu com esta:

- É uma honra fazer companhia ao meu rei. Mas Nilson, bote o meu bem coladinho ao dele, quem sabe eu faça umas carícias nele!

E deu aquela risada gostosa que só ela sabe dar.

Meu neto que ainda não “interou” três anos, quando vou visitá-lo, ele olha para mim e diz: “Vovô, vovô Nilson”. Ee logo vai cantando (só as duas primeiras estrofes) “Estrada de Canindé”, que segue para quem quiser:

Ai, ai, que bom
Que bom, que bom que é

Uma estrada e uma cabocla

Cum a gente andando a pé

Ai, ai, que bom

Que bom, que bom que é

Uma estrada e a lua branca

No sertão de Canindé

Artomove lá nem sabe se é home ou se é muié

Quem é rico anda em burrico

Quem é pobre anda a pé

Mas o pobre vê nas estrada

O orvaio beijando as flô

Vê de perto o galo campina

Que quando canta muda de cor

Vai moiando os pés no riacho

Que água fresca, nosso Senhor

Vai oiando coisa a grané

Coisas qui, pra mode vê

O cristão tem que andá a pé.

Amigo, desculpe a extensão do comentário, mas estou falando do único rei brasileiro que reverencio.

E encerro meu texto com uma frase do discurso de Cortez a quem, sem ser rei, exalto também e tenho saudades do dia da inauguração, final de1974:

- Este projeto nasceu da coragem e imaginação de um governo que soube antecipar o futuro!

Nilson Gurgel é economista

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